O processo produtivo do couro pode gerar altas cargas de poluentes que se não controlados podem impactar negativamente a população e a região hídrica local, onde o efluente é despejado. Essa ocorrência se dá quando a clarificação realizada é conduzida de forma ineficiente. Portanto, é necessário pensar em formas alternativas para tratar o efluente no curtume.
Característica do efluente no curtume
Antes de tudo, é necessário saber que há poluentes como matéria orgânica advinda de pelos, sangue, gordura, carne, além de resíduos químicos como, cromo, enxofre, nitrogenados, óleos, graxa e sulfetos, fazem parte desse efluente e geram um impacto negativo.
Dessa forma, o quadro abaixo demonstra um panorama quantitativo com valores médios, dos resíduos contidos no efluente do curtume:
Parâmetro | Unidade | Valor em carga |
DBO5 | mg O2/L | 2.000 |
DQO | mg O2/L | 4.000 |
Sólidos Suspensos | mg/L | 2.000 |
Cr3+ | mg Cr/L | 150 |
S2- | mg S/L | 160 |
Nitrogênio Total | mg N/L | 160 |
Cl– | mg Cl/L | 5.000 |
SO42- | mg SO4/L | 1.400 |
Óleos e Graxas | mg/L | 130 |
Sólidos Totais (TS) | mg/L | 10.1000 |
pH | 5,5 – 9 |
Impactos gerados pela alta carga de resíduos lançados
Os resíduos gerados na produção do couro passam por uma etapa primária de clarificação que visa a retirada dos sólidos mais grosseiros e de fácil remoção. Contudo, após essa remoção, o efluente do processo produtivo ainda possui sólidos suspensos, dissolvidos e os coloidais que seguem, no máximo, para uma etapa de filtração.
Dessa forma, grande carga de resíduos acaba sendo direcionada para a etapa de tratamento biológico. Essa etapa possui grande demanda de tempo para uma efetiva remoção desses resíduos (matéria orgânica), no entanto, não é efetiva para os outros contaminantes (íons inorgânicos).
Portanto, considerando a diversidade de matéria-prima trabalhada, produto almejado e o aumento de escala / produção pode-se sobrecarregar a etapa secundária. Nesse sentido, acarreta um tratamento ineficiente com consequente despejo de resíduos nos corpos hídricos local, podendo gerar:
- Aumento da presença de microrganismos (patógenos);
- Diminuição do oxigênio dissolvido no corpo hídrico local;
- Contaminação da água utilizada pela população local;
- Odor intenso e incomodo, causado pela geração de gases tóxicos;
- Problemas de caráter legal.
Portanto, uma clarificação realizada de forma efetiva reduz significativamente a quantidade de sólidos (DBO e DQO), e ainda, compostos inorgânicos presentes no efluente tratado, evitando transtornos e danos à região local.
Vantagens de uma clarificação com o auxílio de químicos
O uso de químicos para auxiliar na clarificação do efluente no curtume trás grandes vantagens:
- Acelera o tratamento do efluente;
- Ajuda a reduzir significativamente a carga química e biológica do efluente, já na etapa primária do tratamento;
- Ajuda a reduzir a formação de gases tóxicos, como o gás sulfídrico (H2S);
- Gerar economia na aquisição dos sistemas de tratamento;
- Auxilia na disposição final dos lodos, por gerar lodos mais densos em tempo hábil.
Otimizando a clarificação com a ajuda dos químicos
A via química é uma excelente forma de otimizar o tratamento de efluentes no curtume. Dessa forma, existem uma infinidade de químicos que podem ser utilizados para realizar a clarificação. Contudo, independente da natureza química desses compostos, ele possuem características específicas para conduzir a clarificação.
Coagulantes:
Esses químicos irão desestabilizar as partículas coloidais (de difícil remoção), formando coágulos, que com a ajuda da agitação, irão formar pequenos flocos. Dessa forma, os coagulantes inorgânicos são uma via econômica e de grande oferta, podendo-se contar com o Policloreto de alumínio (PAC), Sulfato de alumínio (SAA) ou o sulfato ferroso (SAF).
Floculantes:
Esses químicos são cadeias poliméricas de alta densidade, que possuem um poder de atração muito forte, e irão aglomerar os coágulos formando flocos densos. Dessa forma, aceleram a sedimentação do efluente na etapa primária de tratamento. Assim, o uso de floculante como o Polímero aniônico é um aliado poderoso utilizado no tratamento de efluente no curtume.
Reguladores de pH:
Os coagulantes e floculantes possuem atuação ótima em determinadas faixas de pH na solução, e geralmente diminuem consideravelmente o pH do efluente. Portanto, para ajudar a atuação desses químicos pode-se utilizar Barrilha leve ou Hidróxido de sódio.
Aceleradores catalíticos:
Para evitar a formação do perigoso gás sulfídrico (H2S), é necessário reduzir significativamente a carga de íons sulfetos contidos no efluente antes que entrem em contato com o meio ácido, fazendo-os se reduzirem à íons sulfatos. Dessa forma, o uso de sulfato de manganês é o químico mais utilizado, acelerando o processo natural de redução de carga.
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Referências
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/17356/000714631.pdf?sequence=1
https://www.ufrgs.br/dequi-labs/lacouro/processamento-do-couro/